Refletindo sobre as causas de alguém ter uma vida amorosa complicada ou destrutiva, seguem aqui outras possíveis explicações:
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE
O termo Transtorno de Personalidade é ainda pouco conhecido na nossa cultura e é importante que seja mais conhecido, comentado e discutido. Personalidade se refere ao jeito da pessoa ser e funcionar na vida. Diz-se que alguém tem um transtorno de personalidade quando este jeito é lesivo e causa sofrimento para as outras pessoas ou para a própria pessoa. Como se percebe isto? Um sinal importante é quando se detecta que a pessoa tem dificuldade de conviver com outras, não importa com quem. Geralmente este “jeito de ser” vem de muito tempo, desde a infância ou adolescência, onde havia uma família disfuncional. Ela tende a ser crítica, ou insatisfeita, ou pessimista, ou imprevisível demais, ou inflexível, ou explosiva, ou impulsiva, ou distante, ou com baixa tolerância à frustração, ou obsessiva, ou muito ciumenta/possessiva, ou muito desconfiada, ou dependente, ou autoritária, etc. Há vários tipos de transtornos de personalidade, cada um com as suas características. O mais complicado é levar uma pessoa com este transtorno a se tratar. Muitas delas não acreditam que precisam de um tratamento e isto certamente piora a situação da relação afetiva.
OUTROS TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS
Cada vez mais conhecidos pela população, ao menos superficialmente, há inúmeros outros transtornos psicológicose/ou psiquiátricos bastante comuns e que podem tornar o convívio extremamente difícil. São eles, os transtornos de humor (depressãoe bipolaridade), ansiedade, depressão-ansiosa, fobias, síndrome do pânico, psicoses como a esquizofrenia, uso abusivo ou dependência do álcool, tabaco, drogas ilícitas, de medicamentos psiquiátricos, outras dependências, como de jogos, de alimentos, de internet, de celulares, de pessoas), etc.
HÁ SOLUÇÕES?
Pelos avanços atuais da psiquiatria, psicologia e outras áreas da saúde mental, a maior parte destes transtornos (o que inclui os transtornos de personalidade e a Codependência ou Dependência Emocional) pode ser tratado adequadamente, com abordagem multidisciplinar (psicoterapia, psiquiatria, etc.) e a pessoa que sofre de algum destes transtornos pode ter uma vida regular, saudável, com boa qualidade de vida, especialmente se iniciar o tratamento precocemente, caso em que a doença terá causado menos lesões cerebrais, distúrbios psicológicos e danos nas outras áreas da vida. Muitas delas podem evoluir para a recuperação total. Isto significa que não é o transtorno que explica uma vida amorosa difícil e sim a não aceitação da doença, o preconceito, a resistência a se tratar e mudar. Sem o devido tratamento, qualquer um destes problemas pode tornar o ambiente do convívio instável, pela possibilidade de uma nova crise a qualquer momento e colocar a relação em alto risco.
CONCLUSÃO: CONSCIÊNCIA
Apesar dos esforços, se uma pessoa vive uma vida amorosa complicada que não evolui bem, achando que o parceiro está errado e fica fixado na tentativa de mudá-lo ano após ano, eu pergunto: até quando vai trilhar o mesmo caminho querendo chegar a um lugar diferente? Talvez seja hora de parar para buscar novas formas de solução. Por que não? Quem sabe buscar ajuda para entender melhor a situação? Talvez o outro não seja a pessoa mais complicada desta relação. Qual explicação, das que foram colocadas neste artigo, pode responder às suas dúvidas? Ou será que é a soma de várias destas explicações? Ou até mesmo outra?
Tomar consciência da realidade é um primeiro grande passo para a solução.
Obs. Se você desejar copiar este artigo para posterior inclusão em qualquer mídia, pede-se que o mantenha na íntegra e adicione os créditos ao final, ou seja, Dra. Elizabeth Zamerul, médica psiquiatra (CRM-SP: 53.851), psicoterapeuta, especialista em Dependência Química e expert em Dependência Emocional.
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