
Verônica: Dra. Beth, eu sei que sou dependente emocional e, em geral, amo o meu marido, mesmo ele sendo uma pessoa difícil de lidar. Mas, sinceramente, às vezes, tenho dúvida sobre o meu amor por ele. Como posso ter certeza disso?
A pergunta da Verônica me fez refletir e, a partir dela, tive a ideia de trabalhar os mitos e verdades sobre a codependência. Esse tema gera muita curiosidade e é cercado por muitos mitos e equívocos. Entender o que é verdade e o que é ficção pode ajudar a lidar melhor com essa condição e buscar soluções adequadas. Vamos desmistificar algumas das crenças mais comuns sobre a dependência emocional e a codependência. Certamente, isso renderá uma série de vídeos, pois há muitos mitos que valem a pena esclarecer para que você compreenda a codependência em profundidade.
1º. Mito: “Dependência emocional é amor verdadeiro.”
A dependência emocional não é amor verdadeiro. Embora muitas pessoas já saibam disso, é comum que quem está na posição de codependente em um relacionamento tóxico acredite que ama o parceiro. Essas pessoas identificam o que sentem como amor. Quantas vezes vemos pessoas em relações abusivas responderem: “Porque eu o amo”, quando questionadas sobre o motivo de não saírem da relação? É como se dissessem: “Eu sei que ele é um ogro, mas é o meu ogro!” Isso é realmente amor?
A codependência ocorre quando uma pessoa não amadureceu adequadamente do ponto de vista emocional. Ela confunde apego com amor porque é o que conhece. Amor verdadeiro se aprende através do autocuidado e do desenvolvimento da autoestima. Diferente da codependência, que envolve baixa autoestima, o amor é um “verbo de ação”, construído intencionalmente. Stephen R. Covey, autor de “Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”, enfatiza que o amor é demonstrado por meio de ações conscientes que promovem o bem-estar do outro.
Enquanto o amor é saudável e envolve respeito mvel e envolve respeito m\u00futuo, independência emocional e crescimento pessoal, a codependência é caracterizada pela necessidade excessiva de validação e medo do abandono. Essas características dificultam a vivência do amor genuíno.
2º. Mito: “A dependência emocional só acontece em relacionamentos românticos.”
Embora seja frequentemente associada a relacionamentos amorosos, a codependência pode ocorrer em amizades, relações familiares e ambientes de trabalho. Maria Aparecida Junqueira Zampieri, no livro “Codependência: Intervenção em Rede”, amplia essa compreensão ao mostrar que a codependência pode surgir em diversos contextos, onde a identidade e a autoestima do codependente estão profundamente ligadas à validação do outro.
Essa dinâmica revela como a codependência vai além dos relacionamentos românticos, destacando sua presença em várias esferas da vida social.
3º. Mito: “Quem sofre de dependência emocional é fraco.”
A dependência emocional não é um sinal de fraqueza, mas um reflexo de experiências passadas e padrões de comportamento aprendidos. Frequentemente, codependentes possuem histórias de traumas ou falta de apoio emocional. Olhar para essas questões exige força e coragem.
Harriet Lerner, em “A Dança da Raiva”, aponta como expectativas culturais e de gênero podem reforçar a ideia de fraqueza associada à codependência, especialmente entre mulheres. John Bradshaw, em “Curando a Vergonha que Nos Impede de Viver”, relaciona essa percepção à vergonha internalizada que muitos codependentes sentem, reforçada por uma sociedade que subestima traumas emocionais.
Conclusão
Desmistificar esses mitos é essencial para entender e lidar com a codependência. Se você se identificou com algum desses pontos, buscar ajuda profissional pode ser um caminho importante para desenvolver relações mais saudáveis e fortalecer sua autoestima. O amor verdadeiro é construído com respeito, independência e crescimento mncia e crescimento m\u00futuo. Amar é um exercício diário e, se fosse fácil, teria um manual de instruções e talvez até um botão de “reiniciar”.
Texto de Apresentação:
Neste artigo, desmistificamos os mitos mais comuns sobre a dependência emocional e a codependência. Exploramos questões profundas sobre o que realmente significa amar e como diferenciar o amor verdadeiro da necessidade de validação. A partir da dúvida de uma leitora, abordamos os desafios de relacionamentos tóxicos, a dinâmica de poder e a importância do autocuidado. Descubra como transformar sua vida amorosa e pessoal.
Para assistir ao vídeo sobre o tema,clique aqui.
Obs.: Se você desejar copiar este artigo para posterior inclusão em qualquer mídia, pede-se que o mantenha na íntegra e adicione os créditos ao final, ou seja, Dra. Elizabeth Zamerul, médica psiquiatra (CRM-SP: 53.851), psicoterapeuta, especialista em Dependência Química e expert em Dependência Emocional.
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