Será que você se autorrejeita? Diante do espelho o que você diz pra vc mesma (o)? Você tem o hábito de se comparar com os outros? Será que você rejeita você mesm (o)? Se esse tema lhe interessa, fique comigo!
Bem, como pensei em falar sobre autorrejeição? Recebi a seguinte pergunta da Amanda.
“Dra. Beth, eu sempre tive muita dificuldade com o meu corpo e achava que eu era infeliz por causa dele. Cheguei a fazer uma cirurgia plástica, pensei que minha vida fosse mudar, mas não adiantou. Como faço pra ficar em paz com o meu corpo?“
Daí, comecei a pensar em quantos pacientes ou amigos do canal fazem comentários e perguntas que me lembram da autorrejeição e resolvi falar sobre ela. Eu diria que é uma forma de autossabotagem que ocorre depois que a pessoa se convence de que não é boa o suficiente para alcançar alguns dos seus sonhos.
Geralmente, a pessoa começa distorcendo as suas características, por exemplo, físicas, em relação ao seu cabelo, nariz, orelhas, ao peso, à altura, enfim, a pessoa “cisma” com alguma parte ou aspecto do corpo. O processo da comparação acontece, geralmente, ao mesmo tempo. E aquilo vira uma obsessão. Ao se olhar no espelho, ela rejeita o que vê e seu pensamento gira em torno de reforçar a crença de que ela não tem sucesso em alguma ou em várias áreas da vida por causa da sua aparência.
O mesmo pode ocorrer com outras características que não físicas: no jeito de ser, na sua personalidade, por exemplo, ser introvertida, ter dificuldade de se comunicar ou de se socializar, de gaguejar, de não ser popular, de não ter facilidade para dançar ou para os esportes…
Nesse processo, as crenças da pessoa começam a se confirmar, porque ela passa por situações que considera “fracassos”, o que reforça ainda mais a sua própria expectativa, e passa a pensar que não merece certas oportunidades ou que não vai mesmo conseguir alcançar alguns objetivos, até que começa a evitar situações e desistir de alguns dos seus sonhos.
É importante notar que a pessoa entra num ciclo vicioso de autorrejeição que vai se perpetuando e tornando-a cada vez mais imobilizada e estagnada. Na codependência, isso é muito comum. Ex.: Depois de várias frustrações, a pessoa começa a pensar que não vai mesmo conseguir encontrar um parceiro melhor, então, fica sozinha ou com um parceiro insatisfatório ou abusivo.
Vou dar aqui alguns sinais mais claros desse ciclo vicioso:
- Comparar-se com os outros, como eu já disse antes… É um veneno para a mente. Ainda encontro pessoas que acham que isso é normal. Não é! Só porque vemos muitas pessoas fazendo, não quer dizer que é normal. É um péssimo hábito na nossa sociedade e muito estimulado pela propaganda. Essa é a base da maioria das propagandas, preste atenção! E se você se percebe comparando-se com os outros constantemente, entenda que você está condicionada, programada pra funcionar assim e pode mudar isso.
- Autoisolamento! Você escolhe cada vez mais se isolar das pessoas, ao invés de interagir com elas. Isso pode ocorrer porque você acha que não será aceito ou porque acha que não terá um bom desempenho social ou ainda porque tem medo do julgamento e da rejeição do outro. O que você não percebe, ao escolher o autoisolamento, é que você já está se julgando e se rejeitando.
- Você começa a ajustar os seus sonhos e objetivos para baixo, porque tem medo de não conseguir atingi-los. É claro que você pode fazer ajustes nos seus planos, quando situações novas ocorrem. Isso não é um problema, mas quando você baixa a “altura da barra” cada vez mais só porque acha que não vai conseguir atingir o que quer, isso é autorrejeição.
- Permitir que outras pessoas façam escolhas por você. Desde a escolha de qual carreira vai seguir na vida profissional até escolhas simples do dia a dia, como qual local você gostaria de visitar numa viagem ou passeio, qual o sabor da pizza quando você está com um parceiro ou os amigos. Não é que você deva impor a sua vontade, claro que não, mas se permitir perceber o que você tem vontade realmente de fazer é um respeito a você mesma. O oposto disso demonstra desinteresse em se satisfazer, ou seja, autorrejeição.
- Ignorar seus verdadeiros sentimentos e instintos. Quantas vezes você tomou decisões, fez coisas ou uniu-se a pessoas e, depois de passada a experiência, olhou pra trás e disse pra você mesma (o): “Eu sabia que não ia dar certo!” Isso é ainda mais comum em mulheres e ocorre quando se valoriza mais as ideias e as opiniões dos outros do que as próprias ou pode ser também que você tenha receio de expressar o seu sentimento a respeito de algo para não parecer uma pessoa emocional ou imatura. Observe, nesse comportamento, o provável medo de rejeição por parte do outro ou medo de falhar. Assim, você opta por fazer o que os outros esperam de você.
- Detesto incomodar os outros. Quantas vezes você fez um esforço enorme sozinha pra carregar uma coisa pesada, quando poderia pedir ajuda, mas não pediu? Pode ser até que alguém tenha oferecido ajuda e você falou: “Não, pode deixar, tá levinho!” Ou escolheu o prato mais barato do menu do restaurante pra não dar muita despesa para o outro? Ou melhor, você pagou a conta toda sozinha pra não pesar no bolso dele? Ou você não aceita a carona quando te oferecem e diz: “Você vai ter que dar uma voltona… deixa que eu me viro”. E você tenta ser breve nas interações porque não quer desperdiçar o tempo de ninguém? Por exemplo, você diz: “É uma longa história, mas eu vou dar uma resumida…” Ou, numa reunião de trabalho, falar o mínimo possível porque não acha que você seja interessante ou que a sua opinião possa realmente agregar valor. Ah, e nas horas em que você acha mesmo que está incomodando e pergunta para o outro: “Eu tô atrapalhando?”
Como começou e como você pode parar com a autorrejeição?
Bem, não preciso nem dizer que tudo começou na infância, quando você provavelmente se sentiu bastante rejeitado pelas pessoas mais importantes da sua vida, mãe ou pai. Em outras palavras, você aprendeu a se rejeitar com alguma rejeição que sofreu. É por isso que eu pergunto se você já fez o meu curso da Criança Interior Ferida: Origem e Tratamento. É uma grande oportunidade pra você começar a curar essas feridas emocionais da infância.
De qualquer modo, vou lhe passar aqui algumas dicas! O primeiro grande passo é você notar que está nesse ciclo vicioso que fica continuamente sendo reforçado por você mesma (o).
- Perceba que você tem sido o seu pior crítico. Você tem sido muito severa (o) no julgamento e tem distorcido as situações, exagerando, sendo cruel com você mesma (o). Você julga os outros de forma assim pesada? Então, são dois pesos e duas medidas! Não faz sentido! Eu me lembrei agora de um paciente que disse ter uma enorme cisma com uma parte do corpo e que sofria tanto que infernizou os pais até que, aos 15 anos fez uma cirurgia plástica de correção. No entanto, ele ficou altamente surpreso porque ninguém ao seu redor, os colegas, ninguém percebeu que ele fez a cirurgia. Por aí você nota o nível de distorção? Ah, e ele achava que depois da cirurgia seria uma pessoa feliz e tranquila. Depois disso, continuou a cismar com outras coisas em si mesmo… Ou seja, é hábito mental, não é a realidade dos fatos.
- Experimente valorizar mais os seus sentimento e intuições e segui-los. Eles são importantes e poderosos para proteger você. Você merece ter a sua voz interior escutada, tanto quanto qualquer outra voz ao seu redor.
- Reconheça as suas qualidades, como inteligência e outras. Que tal você se sentar e fazer uma lista dessas qualidades, talentos, virtudes, competências? E depois disso, leia para você mesma (o) todos os dias, até incorporá-las realmente. Ah, e leia especialmente quando se perceber com algum comportamento de autorrejeição.
De qualquer modo, vou lhe passar aqui algumas dicas! O primeiro grande passo é você notar que está nesse ciclo vicioso que fica continuamente sendo reforçado por você mesma (o).
Lembre-se: autorrejeição é comportamento tóxico! Por que você precisa continuar a fazer isso? Então, observe-se bem daqui pra frente e, quando notar que está para fazer isso, experimente o oposto: valorizar-se, pegar leve e ser amorosa (o) com você.
Obs.: Se você desejar copiar este artigo para posterior inclusão em qualquer mídia, pede-se que o mantenha na íntegra e adicione os créditos ao final, ou seja, Dra. Elizabeth Zamerul, médica psiquiatra (CRM-SP: 53.851), psicoterapeuta, especialista em Dependência Química e expert em Dependência Emocional.
Você precisa estar logado em para postar um comentário.